COMPRA DO CARRO NO ANIVERSÁRIO DE UM MÊS DE CANADÁ.

Quero antes de tudo me desculpar pelo longo atraso em postar as situações que vêm acontecendo aqui no nosso dia-a-dia. O problema é que infelizmente nesse exato momento em que estou escrevendo essa história a nossa internet está fora do ar devido ao problema apresentado aqui no modem ou no roteador, sei lá. Pretendíamos ter enviado esse relato exatamente na noite de terça-feira 06 de maio para comemorar e compartilhar com todos vocês o nosso primeiro mês de Canadá, mas não contávamos com esse imprevisto. Mas tudo bem, o que vale é a intenção sincera e verdadeira que estamos tendo com vocês que lêem o nosso blog.

Quero abrir um parênteses aqui em relação aos freqüentadores desse espaço. Sabemos que a maior parte dos leitores são pessoas que ainda se encontram no Brasil, muitos ainda na fase dos primeiros passos em relação ao processo, sem esquecer de citar as pessoas amigas que acompanham os relatos, e é em respeito a essas pessoas que não estão interessadas em vir para o Canadá mas meramente acompanhar a nossa história que abaixo irão aparecer alguns valores, cifras que serão consideradas na moeda do REAL. O intuito dessa nossa escolha é proporcionar uma melhor compreensão e não ficar necessariamente tendo que converter valores do dólar canadense para o real no Brasil.

Graças ao meu bom Deus (a quem agradecemos a cada momento), nós acabamos de comprar nosso carro. É evidente que não é um carro novo, pois existem para nós ainda várias outras necessidades e prioridades a serem atendidas e não apenas um carro novo. Mas vamos ao resumo da história (preparem-se para o resumo).

Segunda-feira, 5 de maio, conversando aqui com Edjane no fim da noite decidimos que na manhã seguinte, assim que acordássemos, logo cedo iríamos à Laval, cidade ao norte de Montréal, que fica separada apenas por um rio. Tendo em vista que sempre tivemos um carinho muito especial por essa cidade mesmo quando ainda estávamos no Brasil, decidimos que iríamos ver alguns apartamentos para lugar em Laval e que, imediatamente após alugar o apartamento, também iríamos comprar um carro, pois conhecemos algumas necessidades que são peculiares e ímpares a cada indivíduo e julgamos que no nosso caso temos uma necessidade particular de possuir um meio de locomoção mais rápido e eficaz, não limitando-nos apenas ao metrô e ao ônibus, ou seja, precisaríamos de um carro para ajudar a concretizar algumas necessidades de ordem privada para o nosso futuro a curtíssimo prazo.

Terça-feira, 6 de maio, na sexta badalada do sino da manhã acordamos, tomamos café e em meia hora já estávamos saindo em direção ao ponto de ônibus que nos deixaria em frente do metrô Outremont (linha azul), de onde seguiríamos para a estação de Snowdon para dali fazer uma conexão com a linha laranja e ir em seguida até a última estação da linha laranja de nome Cote-Vertu, onde apanharíamos o ônibus 151 com destino a Laval, e foi exatamente devido a esse "bendito" percurso que o ônibus tomou que estaria reservada uma ótima surpresa para nós… Já em Laval, em um determinado trecho da avenida Boulevard Cure-Lebelle, eu mantinha a observação em ambos os lados da rua, nos carros que encontravam-se estacionados para vender dentro das lojas de carros usados. Realmente eram muitos mesmo, várias "garagens" com muitos carros nos pátios, mas nenhum deles me parecia diferente em nada, apenas carros e mais carros. Porém, quando o ônibus parou devido ao sinal vermelho, voltei a cabeça para o lado e vi escrito no pára-brisa de um Saturn L que estava exposto apenas o ano do carro (2000). Depois que o sinal abriu, o ônibus continuou o seu trajeto e eu voltei a cabeça ainda mais para trás, para continuar a olhar o Saturn estacionado.

Descemos no final da Boulevard Cure-Lebelle e voltamos caminhando, olhando os vários carros que existiam de ambos os lados da rua (lembram que, a princípio, o enfoque nesse dia era alugar o apartamento?), mas como os preços mostrados eram realmente bem atrativos e tentadores, então resolvemos trocar o foco inicial do apartamento pelo carro; isso também porque uma vez de ônibus ou metrô a pessoa fica restrita a uma determinada distância, pois fisicamente existe um limite de resistência, então achamos melhor providenciar logo o carro, o qual nos daria uma maior e melhor flexibilidade e autonomia para procurar um apartamento. Não estou dizendo com isso que você não conseguiria um apartamento sem um carro, longe disso, estou apenas dizendo que uma vez com um carro em mãos tudo se torna mais rápido. Por exemplo, poderíamos ver uma quantidade três vezes maior de apartamentos durante um mesmo dia.

Os valores atrativos dos carros iniciavam-se a partir de R$ 1.700 reais, porém eram carros usados, alguns anos mais velhos tipo 96, 97, 98, e não se sabe a procedência, o cuidado e o zelo do ex-dono, fora que cada caso é um caso ímpar: deve-se analisar tudo de forma diferente, não pode-se tomar como genérico o que está escrito aqui, repito que "cada caso é um caso".

Edjane e eu conversamos rápido e decidimos que como nós estávamos ali naquele local com tantas ofertas, então seria bom pelo menos conhecer algumas delas e já começamos no ponto onde descemos do ônibus e até voltar uns dois quilômetros caminhando e vendo carros de diversos tipos, marcas, modelos e cores, então chegamos afinal no Saturn. Inicialmente não dedicamos muita atenção a ele e após algumas consultas a outros carros, resolvemos ver o Saturn. Depois de verificar as partes mecânicas possíveis ao olho nu, constatei que seria aquela preciosidade mesmo que iríamos comprar. Ao abrir a mala, verifiquei que lá estava um jogo completo de pneus novíssimos para ser utilizado no inverno. Comecei a ver as amenidades como retrovisores externos elétricos e aquecidos para o inverno, cruise control (uma espécie de piloto automático para velocidade), câmbio automático, ar condicionado, direção hidráulica, censores de portas, air bag duplo, direção ajustável e muitas outras "perfumarias" que podem ser encontradas na expressão "CARRO COMPLETO". Em relação ao motor, após uma minuciosa inspeção visual e auditiva, constatei claramente que NUNCA viu água na vida, isso mesmo, nunca foi lavado, a bateria apesar de nova estava com uma crosta em ambos os pólos e não foi apenas esse carro que encontrei dessa forma. Não foi surpresa alguma e não sei se é a cultura ou não, só sei que 99% dos carros que olhei essa manhã encontravam-se todos assim, porém nada como um bom cuidado e zelo para deixá-lo excepcionalmente melhor.

Conversa vai, conversa vem, constatei que o valor anunciado de venda do carro teria o acréscimo de 5% para pagar uma determinada taxa que não me lembro o nome agora, então coube a questão de saber negociar, pois estava comprando o carro em CASH, em dinheiro vivo. Foi aí que depois de muita conversa por parte de ambas as partes chegamos a um acordo em que o valor real seria rebaixado em 5%, consqüentemente o valor a ser pago ficou sendo realmente aquele que também estava escrito no pára-brisa, ou seja, paguei naquele exato momento o valor de R$ 3.176,00. Fui questionado pelo vendedor se possuía seguro e prontamente respondi que ainda não, pois estava acabando de chegar no país, expliquei que estava a menos de um mês aqui e que aquele era o primeiro carro que eu estava comprando. Então recebi a explicação de que ele não poderia me vender o carro sem seguro e que eu teria que comprar um seguro antes de comprar o carro… Como eu já tinha sido orientado anteriormente por um amigo que tenho aqui, aquele mesmo amigo que foi nos apanhar no aeroporto, o Paulo Tumilasci, então para conciliar a compra do carro com o seguro que eu deveria ter, passei anteriormente no banco (TD Canada Trust) onde abrimos as nossas contas e conversei com nosso gerente sobre seguros para automóveis. Na mesma hora ele me deu uma explicação de como funcionava todo esse processo e fui informado que, certamente como estava sendo o primeiro seguro aqui no Canadá, poderia conscientizar-me que iríamos pagar um pouco mais que o habitual, pois até aquele momento nós ainda não teríamos crédito, ou seja, teria que construir o nosso crédito. Levei o cartão com o número da seguradora no bolso e justamente na hora da compra do carro, quando fui questionado pelo vendedor sobre o seguro, então expliquei que não possuía "nenhum" e que necessitaria apenas do telefone dele para poder fazer um seguro para o carro naquele exato momento. Fácil, fácil, só bastou ligar, informei que desejaria fazer apenas um seguro contra terceiros (o que eles chamam aqui de ONE WAY), respondi a muitas perguntas cujas respostas deveriam ser utilizadas meramente para alimentar um banco de estatísticas e após uma meia hora eu estava recebendo o número da minha apólice pelo telefone. Aí fiz aquela pergunta: "como vou pagar esse seguro?" E do outro lado a atendente gentilmente informou que dentro de no máximo quatro dias estaria sendo enviado para meu endereço um formulário contendo todo o contrato e que eu poderia efetuar o pagamento de várias formas, porém eu teria que esperar receber o envelope, pois nele estaria incluída a opção de pagamento de débito total em conta corrente, débito no cartão de crédito ou dividir em várias vezes no débito automático da conta corrente e foi justamente esse ponto que eu gostei: se não temos crédito no Canadá e temos que criá-lo, então primeiro você tem que "dever algo para alguém" e depois pagar honrosa e rigorosamente as dívidas nas datas pré-estabelecidas. Foi aí que eu já escolhi dentro de mim a opção de "dividir em várias parcelas", pois isso também já vai contar para a minha construção de crédito. Estou só esperando chegar o envelope para ver se o total será realmente em torno de R$ 400,00. Só sei que estou com o carro já em casa e servindo para muitas finalidades.

Assim que o vendedor começou a providenciar os papéis da venda do carro começaram a surgir também outras coisinhas… Fui informado que iria pagar R$ 8,00 pela emissão de uma placa de papel para colar por dentro do vidro traseiro; é que a placa não vem junto e terei que comprar a minha placa. A placa de papel que ele colou é apenas uma placa provisória em papel amarelo que me dá o direito de utilizar o carro por até 10 dias a partir da data de venda. Também fui informado pelo vendedor que eu iria ter mais uma taxa de 7.5% referente à TVQ, a ser paga direto na SAAQ (o DETRAN daqui) quando fosse emplacar o carro e também que iria ter que comprar a placa. Bem, informações sim, mas os valores ainda não tinham sido informados até aquele momento.